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Para um Natal e um Ano Novo mais plenos

É comum, na clínica, as pessoas apresentarem uma espécie de ‘depressão natalina’, acompanhada de um medo de não saber o que ou o porquê comemorar. Muitas vezes há uma tristeza de não saber nem o que chorar para poder se aliviar. Há algo de perda dos sentidos, dos significados de se estar em família, de festejar ou mesmo da perda do sentido do sagrado, que acompanha essas datas.
Muita coisa é dita sobre essa sensação presente nessa época do ano, haja vista os diversos artigos postados na internet. Várias reflexões sobre como distinguir uma tristeza de uma depressão ou o que fazer e pensar para evitar tal situação. Afinal, há uma expectativa social de alegria e festividade no Natal e no Ano Novo.
Mas minha intenção, aqui, é propor outra forma de concepção: Propor um movimento pulsante de se visitar e saber pelo que se ri e pelo que se chora. Antes uma tristeza recheada de reflexões do que uma alegria festiva “que não sabe o que quer”. É preciso, sim, pensar sobre o que se está comemorando. Ou perguntar-se sobre a emoção que está te movendo e se render ao pulso e se despedir da idealização.
Há muita felicidade numa comemoração que faça sentido ou mesmo num choro compreendido. Afinal, o ato de comemorar só é feliz se eu sei o que desejo; comemorar é sinal de alegria se sei o porquê choro; comemorar é feliz se sei dizer o que sinto e consigo me representar.
O engano e a frustração, às vezes, piores que a tristeza profunda, vêm de não saber onde mergulhar em si mesmo. Mergulho esse, inclusive, muitas vezes, ainda não alcançado, em função do estilo de relações travadas consigo mesmo e com o outro. E, assim, o profundo de cada um não ter sido nunca visitado…
Bem vindas a alegria e a tristeza sem fugas, sentidas no cerne do ser pulsante. Um salve para aqueles que sabem o que está acontecendo no seu interior e se permitem sentir, para não cair no vazio e na redundância. Um salve para quem deseja saber de si, para quem precisa de inspiração para abrir o coração.
Proponho, nesse sentido, que se comemore a vida, mais do que 2013. A vida recheada pelo que ela é e aceita em suas limitações e possibilidades.

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