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Ciúme nas relações amorosas: entre o ressentimento e o delírio

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Imagem de Edward Munch (1895), Ciúme.

O ciúme do ressentimento

O ciúme é um sentimento mal visto em nossa cultura. Quando se fala em ciúme, fala-se em vergonha, fraqueza que, sem querer, declara-se. É por vezes um sentimento vexatório de quem não tem controle e maturidade. Por outro lado, mesmo que esse sentimento pareça aquecer o romance, logo evolui para algo indesejado e expõe o “ciumento” ao ridículo da insegurança, de dependência e da necessidade do olhar e do amor do outro (parceiro).

Entretanto, não se permitir ter ciúmes é algo revestido por narcisismo, por indiferença dissimulada. A pessoa que não sente ciúme parece uma alma nobre, um ser superior, mas ela só consegue tal feito a partir do congelamento das suas emoções.

Para mantê-lo camuflado, a pessoa se posiciona a partir de uma integridade, de uma individualidade que, para nossa espécie humana, é uma falácia. Afinal, como amar sem investimento?

Para pagar esta conta energética / corporal, o que se encontra são estados de ressentimentos. O ressentimento é uma mágoa que não desiste e se reacende; cria em si mesma uma justiça inteligente a partir do não esquecimento da dívida que o outro tem. O ciúme camuflado tende a se transformar também num elemento acusador, buscando certo prazer em atingir a força do outro sem se revelar de fato.

O ciúme do delírio

O ciúme começa com uma disputa camuflada de graus de importância. Para entender o funcionamento do ciúme dentro do casal, é preciso saber o que o outro representa para o ciumento. Geralmente, o outro tende a representar uma força protetora que o cobre com a ilusão de ser amado calmamente. De alguma forma, o outro representa esta promessa de amor no paraíso. Porém, quando o ciúme é deflagrado, ele perde “o forte” que o mantinha frágil, a partir daí o ciumento terá que se revoltar e olhar para o parceiro em sua fragilidade. A fragilidade do outro volta responsabilizá-lo pela própria vida, pelo próprio movimento.

O outro representa a promessa da fúria abrandada. Caso ele faça um movimento, o ciumento perde esta sua projeção de força, de proteção. Isso é o jogo da ilusão. É o desespero desvelado quando ele percebe que deu demais e o outro não pode garantir sua paz.

Por isso, o ciumento deverá dar ao outro um tanto de importância que ele não se incomode que o outro use. Se ele deixa que o outro sobressaia em grau de importância, ele logo se sentirá ameaçado novamente. Do lugar do pedestal, o outro avista mais e o vê menos. É uma armadilha contra a própria relação.

A vingança também não é a saída. Uma fera que está na rede se debate para se defender – o ciúme provoca esta reação de fera. Entretanto, se é culturalmente impedido de expressar a revolta, mas essa é um estado de defesa – uma luta – não o ressentimento e a vingança – que seriam defesas muito mais complicadas. Então, mesmo que se tenha projetado, o relacionamento precisa de revolta para não se manter passivo assim como de movimento para se manter vivo.

Quando se revolta, a tendência é mudar a situação; quando se ressente, a tendência é a vingança e a paralização – o que poderá ser mais perverso. O ressentido não quer mudar nada, mas o revoltado, sim. O ressentido só quer ver que ele foi injustiçado. Trata-se de infantilização e passividade. A submissão irá gerar ressentimento e não permite revolta. Não permite resposta, embate.

Há selvageria no ciúme, o que devolve a pessoa para a raiva, para agressividade, para a revolta, para mudança – se houver lucidez – para sua forma de amar. Do contrário, com o ressentimento, o indivíduo poderá até adoecer.

 

Susana Z. Scotton e Equipe

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