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A Vida Em Movimento

Imagem: Xilogravura de Escher, “Céu e Águia, de 1938

Para abrirmos o ano, aqui, no Blog do Instituto Raiz, faremos um convite: desconfie dos padrões, das repetições, das suas formas de funcionamento. Padrões de funcionamento são respostas e atitudes mecânicas, repetitivas ou similares para diferentes acontecimentos. O padrão é algo apreendido como uma forma de defesa do ego que acaba por “programar” o corpo para ver, sentir e agir de formas pouco criativas, pouco maleáveis às variadas situações que se apresentam; algo que, mesmo nas adaptações exigidas pela vida, dá um jeito de permanecer em seu funcionamento habitual. Tal qual um mecanismo projetado para um número limitado de funções, que não tem condições necessárias para executar além, com o risco de pifar.

Falemos sobre a dificuldade de irmos além de nossos padrões de funcionamento que, para tanto, é preciso se desapaixonar por si mesmo. Desapaixonar-se é se colocar a prova, é se colocar para além do aprendido como “correto”. O padrão é o que muitas vezes também pode reeditar os próprios acontecimentos da vida. Mas não seria o contrário? A pessoa “busca” situações, age e reage as mesmas conforme suas repetições, recriando outras iguais, isto, claro, de uma maneira inconsciente. Como se a combinação de diferentes elementos pudesse resultar sempre num mesmo produto; como o efeito de uma peça de dominó caindo sobre as outras. Um cenário de luta imutável é criado.

Porém a vida é mudança e isto está na natureza (natureza não é cenário!), em suas estações do ano, por exemplo: primavera que supõe renovação; outono, recolhimento. O ser está em diálogo e em ressonância com a natureza que o cerca, com o seu sistema social dinâmico, com sua biologia… a inter-relação pressupõe paisagens, com profundidades e texturas variadas.

Muitas vezes nos consultórios, os psicólogos trabalham muito com os temas evocados por seus clientes e se esquecem dos padrões de funcionamento que imperam, levando as pessoas a repetirem, a estagnarem em suas supostas “maneiras de ser”. O convite aqui, então, é para a desconfiança de si mesmo. Queremos passar pela vida sem sofrimento, provando para o mundo o quão certo estamos, cobrando da vida o quanto ela nos deve… e esquecemos, por fim, de olhar a paisagem, bastando-nos com os cenários criados por expectativas irreais de nós e dos outros. Que o caminho seja bem-vindo e não apenas o destino!

Podemos viver num padrão estático de funcionamento mecanizado, bidimensional em que os acontecimentos da vida tem o mesmo formato, impedindo que a pessoa consiga visualizar uma renovação e uma melhora da própria vida, mais preocupada com os destinos dos acontecimentos e não cuidadosa com as situações em si. A sugestão é a vida pulsante tal qual uma paisagem que não se controla e que num mesmo dia cabem diferentes emoções; até atingir um estágio que se é feliz mesmo triste; feliz, mesmo que com raiva, ou seja, satisfeito de se representar em cada inevitável emoção da vida humana.

Eis o nosso convite!

Susana e Equipe Raiz

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