Para um Natal e Ano Novo mais plenos.

Por Susana Z Scotton

É comum, na clínica, as pessoas apresentarem uma espécie de ‘depressão natalina’, acompanhada de um medo de não saber o que ou o porquê comemorar. Muitas vezes há uma tristeza de não saber nem o que chorar para poder se aliviar. Há algo de perda dos sentidos, dos significados de se estar em família, de festejar ou mesmo da perda do sentido do sagrado, que acompanha essas datas. 

 

Muita coisa é dita sobre essa sensação presente nessa época do ano, haja vista os diversos artigos postados na internet. Várias reflexões sobre como distinguir uma tristeza de uma depressão ou o que fazer e pensar para evitar tal situação. Afinal, há uma cobrança social de alegria e festividade no Natal e no Ano Novo.  

 

Mas minha intenção, aqui, é propor uma outra forma de concepção: não impedir a existência da alegria e muito menos da tristeza. Antes uma tristeza recheada de reflexões do que uma alegria festiva “que não sabe o que quer”. É preciso, sim, pensar sobre o que se está comemorando. Ou perguntar-se o porquê do choro?! Há muita felicidade numa comemoração que faça sentido ou mesmo num choro compreendido.

 

O engano e a frustração, às vezes, piores que a tristeza profunda, vêm de não saber onde mergulhar em si mesmo. Mergulho esse, inclusive, muitas vezes, ainda não alcançado, em função do estilo de relações travadas consigo mesmo e com o outro. E, assim, o profundo de cada um não ter sido nunca visitado…

 

Bem vindas a alegria e a tristeza sem fugas, sentidas no cerne do ser pulsante. Um salve para aqueles que sabem o que está acontecendo no seu interior e se permitem sentir, para não cair no vazio e na redundância. 

 

Proponho, nesse sentido, que se comemore a vida… A vida recheada pelo que ela é e aceita em suas limitações e possibilidades. 

 

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