O que é Grupo de Movimento 

Por Susana Z Scotton

Os conceitos desenvolvidos por Reich, ao longo de seus estudos, comprovaram a integração mente e corpo, apreendendo o homem como uma unidade funcional soma-psique. Foi a partir dos estudos de Reich que brotaram as sementes do que hoje conhecemos como a psicoterapia corporal. As linhas da psicologia corporal abarcam a Bioenergética de Alexander Lowen (1910-2008), a Biodinâmica de Gerda Boyesen (1922-2005), a Psicologia do Processo Formativo de Stanley Keleman e a Biossíntese de David Boadella. As técnicas do GM (GRUPO DE MOVIMENTO) englobam essas linhas da Psicologia Corporal e, principalmente, têm como eixo fundamental toda Psicoterapia Reichiana.

 

No Brasil, destacou-se o trabalho do psiquiatra José Gaiarsa e de Roberto Freire, a partir da década de 1960. Gaiarsa, médico psiquiatra, foi o introdutor das técnicas corporais no país e criou os “Grupos sem Palavras”, cujos encontros eram fundamentados pela comunicação estritamente não verbal e os terapeutas assumiam o papel de facilitadores, com a intenção de promover formas de contato, ajudando na desinibição e interação grupal (GAMA; REGO, 1996).

 

De acordo com Nogueira (2010), a Somaterapia de Freire, conhecida como Soma – baseada na teoria reichiana, Gestalt-terapia e princípios anarquistas –, centrava suas ações no resgate do prazer, da liberdade, da singularidade e da autorregulação do indivíduo. Já na década de 1990, Freire inseriu a capoeira angolana em sua metodologia. 

 

No fim da década de 1970, Regina Favre, percussora e tradutora dos conceitos da Psicologia do Processo Formativo no Brasil, mas que também tivera contato com as ideias de Lowen, Boyesen e com o próprio Gaiarsa, propôs uma forma de trabalho que integrava elementos dessas várias abordagens. E foi exatamente o desenvolvimento criativo e a incorporação de outras técnicas, dentro do trabalho de Favre, que acabou por gerar uma proposta inovadora e que se tornou a base dos Grupos de Movimento, em São Paulo.

 

Entretanto, o nome Grupo de Movimento, atribuído pela própria Regina Favre,  tornou-se um termo genérico, abrangendo todas as técnicas corporais que podem complementar a psicoterapia corporal. Assim, é possível compreender esse trabalho como um “work in progress” diante da necessidade de sempre criar novas estratégias (NOGUEIRA, 2010). 

 

Na década de 80, outros psicoterapeutas reichianos (Sandra Sofiati e Marcelo Carvalho) ampliaram essa atividade, desenvolvendo novos estilos e possibilidades, contribuindo para sua expansão e popularização. A partir da década de 90, o Instituto Sedes Sapientiae introduziu o método em sua “grade” com Ercília Gama, sistematizando o projeto das 8 sessões. 

 

Assim, hoje, o Grupo de Movimento pode ser definido como uma estratégia de intervenção grupal oriunda da psicoterapia corporal e que consiste em proporcionar às pessoas vivências corporais que ajudem a amenizar as tensões físicas e emocionais, com o intuito de favorecer, de acordo com Gama e Rego (1996), a percepção de si, a vitalidade, o bem-estar e a expressividade.

 

A versatilidade do Grupo de Movimento faz com que não haja qualquer restrição a nenhuma faixa etária, podendo o terapeuta adaptar a sequência aos participantes. Com o cuidado necessário para não promover mobilizações psíquicas profundas, o Grupo de Movimento pretende contribuir para o alívio e consciência das tensões corporais e emocionais, possibilitando um espaço e um tempo para que as pessoas se percebam, sintam-se, acolham-se e sejam acolhidas.

 

O Instituto Raiz também vem desenvolvendo Grupos de Movimento há mais ou menos 20 anos, e conta com a Psicoterapia de Reich como suporte e pesquisa para a elaboração e criação das dinâmicas do GM. Hoje, em Araraquara, o Raiz tem despontado como pioneiro nessa técnica a partir de uma orientação sólida e com o apoio de profissionais qualificados para coordenarem os grupos. A utilização dos GM aliada à clínica tem sido comprovada como sucesso nos tratamentos dos pacientes.

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